Mudança Climática

Segundo relatório publicado em 5 de junho de 2024 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), é provável (80% de probabilidade) que a temperatura média global próxima à superfície terrestre exceda 1,5°C os níveis médios registrados entre as décadas de 1850–1900 durante pelo menos um ano entre 2024 e 2028.

Também é provável (86% de probabilidade) que pelo menos um ano entre 2024 e 2028 seja o mais quente já registrado – atualmente é 2023. Assim como é provável (90% de probabilidade) que a média desses cinco anos (2024 a 2028) seja superior aos cinco anos anteriores (2019 a 2023).

Causas

As mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Elas são causadas por diversos fatores naturais, como grandes erupções vulcânicas e as variações da órbita e do eixo terrestre e o ciclo solar. No entanto, numerosos estudos científicos indicam que a maior parte do aquecimento global das últimas décadas tem como causa principal a alta concentração na atmosfera de gases que provocam o chamado “efeito estufa”, emitidos sobretudo pela atividade humana. A queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, têm sido o principal fator de mudança climática.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas, afirma que há 90% de certeza que o aumento de temperatura na Terra está sendo causado pela ação do homem.

A concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera tem aumentado constantemente desde a época da Revolução Industrial e está diretamente ligada à elevação da temperatura média global.

O dióxido de carbono (CO₂), gás de efeito estufa mais abundante, responsável por cerca de dois terços dos GEE, é, em grande parte, produto da queima de combustíveis fósseis.

Já o metano, o principal componente do gás natural, é responsável por mais de 25% do aquecimento que estamos experimentando hoje. É um poluente poderoso com um potencial de aquecimento global 80 vezes maior do que o CO2.

Efeitos e impactos das mudanças climáticas

O aumento de 1,1°C na temperatura média da superfície da Terra desencadeou mudanças climáticas sem precedentes na história recente. Vivenciamos hoje, com maior frequência e magnitude, eventos climáticos extremos de ondas de calor, secas, inundações, tempestades de inverno, furacões e incêndios florestais.

Em 2023, o planeta quebrou todos os recordes dos indicadores climáticos: foi o ano mais quente já registrado nos últimos 174 anos. A temperatura média global da superfície terrestre ficou em 1,45°C acima do período pré-industrial.

Se as emissões não forem reduzidas até 2030 e o aquecimento global superar 2ºC, o clima corre o risco de enfrentar pontos de ruptura catastróficos que, uma vez ultrapassados, podem desencadear eventos retroalimentadores, mudando drasticamente as condições de vida na Terra. O colapso pode ser evitado se o aquecimento retornar a níveis abaixo de 1,5°C.

O que precisamos fazer para frear as mudanças climáticas

Para manter o aumento das temperaturas abaixo de 1,5°C, limite considerado seguro pela ciência para evitarmos impactos ainda mais devastadores e irreversíveis das mudanças climáticas, precisamos reduzir as emissões em 7,6% a cada ano até 2030. Mais de 75% das emissões de metano poderiam ser mitigadas com a tecnologia existente hoje. A cada ano que passa, o nível de dificuldade e o custo para reduzir as emissões aumenta.

A aceleração da energia proveniente de fontes renováveis, a desaceleração da dependência de combustíveis fósseis e a restauração dos espaços naturais, tanto em terra quanto na água, são vitais e urgentes para limitar as emissões de carbono.

Investir em soluções baseadas na natureza não apenas limitará o aquecimento global, mas também resultará em cerca de 4 trilhões de dólares em receitas para as empresas e mais de 100 milhões de novos empregos a cada ano até 2030.

Em 2015, no Acordo de Paris, 196 países concordaram com o compromisso de limitar o aumento da temperatura global a não mais que 2°C acima dos níveis pré-industriais e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa até 2030.

As promessas de 2015, porém, não vêm sendo cumpridas pelos governos e é improvável que se consiga limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2030 e evitar assim os piores impactos das mudanças climáticas. Para isso, as emissões globais de gases de efeito estufa precisam não apenas cair pela metade nos próximos dez anos – as emissões líquidas precisam zerar até 2050.

Emissões líquidas zero

Conseguiremos zerar as emissões líquidas quando todas as emissões causadas pela atividade humana forem reduzidas ao nível mais próximo possível do zero.

No entanto, é provável que alcançar emissões zero até 2050 não seja suficiente para garantir um futuro seguro para a humanidade. É necessário a remoção do carbono já existente no ar.

A fotossíntese remove dióxido de carbono naturalmente – nesse processo, as árvores armazenam o carbono removido da atmosfera. Expandir, manejar e restaurar as florestas existentes contribui para converter o dióxido de carbono do ar em carbono armazenado em madeira e solos.

Por que preservar, restaurar e expandir as florestas tropicais é importante?

O aquecimento global é uma das maiores ameaças à vida no nosso planeta. A preservação, restauração e a expansão das florestas tropicais podem fazer parte da solução, ao retirar naturalmente CO² da atmosfera.

As florestas tropicais são essenciais para a vida no planeta, armazenam carbono nas arvores e no solo, e influenciam os padrões climáticos diminuído o calor e regulando as chuvas.

Quando a luz solar quente atinge as folhas das plantas e árvores, estas inalam dióxido de carbono da atmosfera. À medida que as árvores crescem, elas armazenam carbono nas raízes e nos troncos e exalam o oxigênio de volta à atmosfera. Este processo, chamado fotossíntese, manteve o equilíbrio durante milhões de anos.

Com o desmatamento em níveis alarmantes, como os que vem ocorrendo atualmente na floresta tropical amazônica, florestas da África Central e Sudeste Asiático, inundações e secas severas poderão ocorrer com mais frequência, provocando crises humanitárias e migrações sem precedentes das zonas secas.

Atualmente 95% das florestas tropicais do planeta estão ameaçadas devido a falta de políticas ambientais e ações governamentais capazes de conter o desmatamento. Perde-se em florestas tropicais 12 milhões de hectares anualmente. O desmatamento e a degradação florestal associados à expansão agrícola tornam a bacia amazônica mais suscetível a incêndios incontroláveis, que por sua vez, provocam a emissão de grande quantidade de poluentes na atmosfera e perda de biodiversidade.

O Brasil é líder no ranking mundial de destruição de florestas tropicais, sendo responsável por quase metade da perda de vegetação primária do mundo. O Brasil é também líder do volume de florestas queimadas. O desmatamento ocorre principalmente para dar lugar à agricultura, pecuária, mineração e obras de infraestrutura. A exploração ilegal da madeira é outro importante fator de desmatamento.

À medida que as mudanças climáticas se tornam mais irreversíveis e a ocorrência de eventos climáticos extremos se tornam mais frequentes e devastadores, a preservação, restauração e expansão das florestas tropicais se torna mais urgente.