Turfeira

A turfa é caracterizada pela decomposição não completa dos restos vegetais de algas e outras plantas aquáticas, com gramíneas, ciperáceas, juncos e árvores localizadas no perímetro do banhado ou pântano, em que, todo resto vegetal encoberto por água acaba gradativamente se transformando em turfa e sendo empilhada em camadas durante ciclos de centenas a milhares de anos

As turfeiras são ambientes especiais para estudos relacionados com a dinâmica da matéria orgânica, evolução das paisagens, mudanças climáticas e ciclos de poluição atmosférica locais, regionais e globais. Elas contribuem para o sequestro global de carbono, funcionam como reservatórios de água e constituem o ambiente de uma biodiversidade endêmica.

O ecossistema das turfeiras é o sumidouro de carbono mais eficiente do planeta, por manter um equilíbrio entre a absorção de dióxido de carbono pelas plantas comuns nesses locais e a emissão de dióxido de carbono, naturalmente liberado pela turfa.

Estes solos apresentam alta concentração de carbono nos 40 cm superficiais quando não estão em contato lítico. São comumente encontrados em áreas sedimentares de várzeas, o qual dificulta a decomposição do material orgânico em função da saturação por água. Além da água as baixas temperaturas, acidez e toxinas orgânicas, influenciam na decomposição e consequentemente na formação das turfas. As turfeiras são habitats naturais de elevado valor biológico que ocorrem em áreas geográficas de vários tamanhos, por vezes muito pequenas, que oferece condições constantes ou cíclicas às espécies que constituem a biogénese, estas podem ser encontradas em serras de maior altitude que tenham como características estarem permanentemente encharcadas ou ocorrências de diversos fenómenos em terrenos elevados. Pois são formações relíquias de períodos climáticos passados, de clima mais frio. Com o aquecimento holocénico, iniciado há mais de 10 000 anos, estas formações refugiaram-se em altitudes progressivamente mais elevadas e os seus biótopos fragmentaram-se.

A maior parte das turfeiras são cobertas por musgos, urzes, tojos e plantas insectívoras, algumas destas raras, o que confere às turfeiras título de relíquia biológica. Mas locais como estes podem vir a desaparecer devido aos impactos causados pelo homem dado à passagem de veículos e à pastagem, que origina uma introdução excessiva de nutrientes e destruição de espécies vegetais pelo gado bovino. Fósseis são relativamente comuns em turfeiras.

A Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica destaca as turfeiras como ecossistemas-chave a serem conservados e protegidos. A convenção exige que os governos a todos os níveis apresentem planos de ação para a conservação e gestão de ambientes de zonas húmidas.

A Comunidade Econômica Europeia (CEE) considerou, por meio de Instrução Diretiva de 1992, as turfeiras como ambientes naturais de interesse comunitário prioritário especial para conservação (DOCE, 1992). A Espanha protegeu integralmente as turfeiras em 1995 por meio de Decreto Real (Pontevedra-Pombal & Martinez-Cortizas, 2004).